29 dezembro 2009

Filme "Ágora"

Está em cena o filme "Ágora". A personal principal é Hypatia, a filósofa e a acção decorre no ano 391 da era cristã.

Gostei da realização e do filme em geral, embora não possa avaliar o seu rigor histórico. Abstenho-me de comentar o tema para não condicionar a opinião de quem ainda não viu. De qualquer forma, ele inspirou-me tantas reflexões, que não caberiam aqui.

Fiquei satisfeita por ter levado comigo os meus dois filhos, embora reconheça que tenha cenas violentas para uma criança de 10 anos.

Sugiro que veja o filme e deixe aqui o seu comentário ou, se preferir, podemos reflectir sobre ele quando nos encontrarmos.

Um abraço forte,
Lina Chambel

28 dezembro 2009

O Ano Novo e a Fénix


Aí está mais um ano novinho em folha prestes a ser estreado.


Nesta altura, o tempo assume-se como uma Fénix, renascendo das suas próprias cinzas em cada translação da Terra. É natural, então, que quem assiste ao nascimento de um novo ano se encha de esperança, sentindo a sua capacidade individual para se transformar, fazer todas aquelas alterações que se foram adiando e recriar um ser melhorado.


É claro que as intenções são sempre as melhores, mas depois vem um dia após o outro, a rotina vai ocupando o seu papel de prima donna intocável e os projetos de mudança vão-se esfumando, numa dispersão cada vez maior, até ao próximo final de ano. Aí, olhamos novamente para dentro, agora com anseios um pouco diferentes... já passou mais um ano, mas bem vistas as coisas, pouco mudou...


Vale a pena olhar um pouco melhor para esta Fénix. Trata-se de um símbolo constante em quase todas as culturas do planeta. A sua origem vem da Fenícia, Líbia e Etiópia e o seu nome é sumério. Na China Antiga tem o significado semelhante à flor de lótus, é um ser andrógino e um talismã venerado. Na mitologia egipcia, a Fénix foi o primeiro deus, Belu, cujo grito inicial jamais voltou a ser ouvido e produziu o começo do tempo. Era Belu quem trazia a luz solar do dia para resgatar a humanidade do caos da noite. Para os islâmicos, a Fénix representa o ser que conseguiu realizar em si mesmo o "Homem Universal". Para o Cristianismo simboliza o conhecimento e Cristo ressuscitado. Foi uma imagem aplicada à extinção e renascimento dos Templários, é símbolo maçónico de inviolabilidade e de incolumidade e para a filosofia iniciática representa o iniciado, que renasce após adquirir o conhecimento secreto.


Esta figura lindíssima, em vermelho e amarelo, traz consigo o poder interior para se purificar através do fogo e renascer gloriosamente para mais um ciclo, em todo o seu esplendor.


A ADY deseja que os seus sócios e amigos guardem dentro do peito esta imagem ao longo de todo o ano, como uma tatuagem que só se vê com os olhos do coração. Que seja ela a brilhar nos momentos difíceis, nas horas de indecisão e sempre que for preciso dar um salto no ar para iniciar um grande vôo.


Para si, que agora lê esta mensagem, segue um abraço forte,

Lina Chambel

20 dezembro 2009

Parabéns ao Ensemble Prova dos Nove

Foi lindo o concerto de 6ª feira à noite!

Mais do que um concerto de Natal, a proposta era a de celebrar a música. Fizeram-no com toda a qualidade e uma movimentação cénica que acrescentou dinamismo à sua actuação.

A Igreja do Largo do Rato, dedicada a Nossa Senhora da Conceição é um local privilegiado pela beleza e pela sonoridade que proporciona. Foi o padre responsável que fez as honras de apresentação, anunciando que seria um espectáculo de luz e música. Fiquei na espectativa relativamente à luz, já que a decoração estava feita com pequenas velas estratégicamente colocadas... pensei que de repente se acendessem focus coloridos, ou algo parecido. Não aconteceu nada disso! Ah, mas houve muita luz, sim! Conseguiram iluminar todo o espaço com a sua música e a sua alegria e acenderam também uma luz bem brilhante no meu coração. O padre, com toda a sua sensibilidade, já teria visto essa luz e anunciou-a com toda a propriedade.

No fundo, viveu-se o verdadeiro espírito do Natal, tão raro nos tempos que correm, onde tudo tem um preço. O concerto foi gratuito, aberto a quem quisesse entrar e no final ainda foram oferecidos chá e chocolates - uma cortesia muito bem vinda numa noite tão fria. Os Prova dos Nove ofereceram a sua arte de corpo e alma e eu senti-me uma privilegiada por receber um presente dado de coração aberto.

Congratulo-me por ter incluído este concerto no nosso calendário de actividades mensais. Foi de facto um sádhana fantástico de Yôga profundamente tântrico, pleno de sensorialidade e poesia. Parabéns a todos os elementos dos Prova dos Nove, especialmente à Mariana e ao João (os meus Noves Fora!).

Lina Chambel

30 novembro 2009

Human Emotions

Aqui fica o primeiro link para visualizar um documentário magnífico sobre as emoções humanas. São 6, no total, que prefazem cerca de 60 minutos de filme.



Os conceitos são muito antigos, mas a ciência mais recente tem ajudado a compreender a sua relevância. O SwáSthya Yôga inclui este conhecimento enquanto Kama Shuddhi, ou seja, purificação emocional.



Não perca!



http://www.youtube.com/watch?v=jt0B-dJANdU

18 outubro 2009

Yôga a sério não é terapia!

O Yôga é uma filosofia. Sabe-se que tem sido comumente procurado para efeito de terapia e que tem sido "vendido" para tal, sobretudo por quem o utiliza com o objectivo principal de ganhar dinheiro.

Há então dois tipos de praticantes: os que procuram o Yôga por si e os que procuram os seus benefícios. Não discriminamos os segundos, mas os primeiros são mais gratificantes, uma vez que se dedicam, lêem, estudam e procuram aprimorar-se constantemente. Os que apenas procuram benefícios tendem a desvalorizar as técnicas mais profundas, são menos exigentes relativamente ao rigor e deixam-se levar com facilidade por quem acena com maior número de efeitos colaterais, mesmo que essa pessoa tenha uma formação dúbia e lhes proporcione uma série de técnicas exóticas, que nada tenham a ver com o Yôga - em boa verdade, nem chegam a perceber o quanto podem ser ludibriados, pois não atingem o conhecimento que lhes permitiria reconhecer as diferenças. Parte do nosso trabalho com os praticantes que procuram o Yôga como terapia, é que tomem consciência da nobreza do Yôga, comparada com os benefícios que mais não são do que migalhas.

É verdade que o SwáSthya Yôga produz efeitos espantosos muito rapidamente: fortalece e flexibiliza os músculos, trabalha fortemente a coluna vertebral, revitaliza os órgãos internos, melhora a qualidade do sono, dispõe bem, reduz o stress, regula o funcionamento de glândulas, reeduca a respiração, etc., etc. A lista de benefícios é imensa e extremamente atractiva para quem faz as contas entre custo/benefício, já que o Yôga fica muitíssimo mais barato e pode proporcionar bem mais do que as terapias.

O ballet não serve para curar a asma, como a música não serve para tratar o stress, ou a pintura para as dores da coluna. A meta do Yôga é o autoconhecimento e o samádhi.

Saiba, então, que se abraçar o SwáSthya Yôga, não terá "aquela coisa" muito paradinha, para relaxar, tipo água-com-açúcar, ministrada por um personagem exótico e com um nome esquisito. Um Yôgin sério não precisa de dar nas vistas e ser notado pela sua excentricidade, na tentativa de se mascarar para enganar os incautos.

O que temos para oferecer é uma prática ancestral, anterior ainda à codificação do Yôga Clássico, de extrema força e beleza, que para além de lhe proporcionar benefícios, o poderá levar a um conhecimento profundo de si mesmo, se assim o desejar.

25 setembro 2009

Onde Nasce o Amor?


Onde terá origem esse sentimento de difícil explicação, mas que toma conta de qualquer pessoa, em qualquer idade, exercendo poder absoluto sobre tudo o resto?


Da razão não provém certamente. Pode-se escolher racionalmente ter amizade por alguém, mas não aquele amor verdadeiro que despoleta uma afinidade espontânea e inegável entre os seres. Esse só pode surgir de uma zona mais profunda e não consciente. Está para lá do pensamento e da vontade. Brota do âmago do Ser - por isso nos deixa felizes sem saber porquê, exalta as nossas capacidades criativas e até chega a tornar possíveis verdadeiras loucuras.


É uma força colossal. Quem já sentiu amor verdadeiro e o perdeu, ou tem a sorte de ser tocado novamente por esse sentimento, ou perde definitivamente a melhor parte de si mesmo. Quem nunca o sentiu... não compreende essa dimensão, que só se conhece se for vivida.


Só quem nunca o sentiu o pode confundir com outros sentimentos. E é tão frequente encontrar quem o baralhe com outros sentimentos, de forma a poder preencher vazios que vão ficando nas suas vidas. Por exemplo, se sentiu amor por alguém e em seguida desamor, então não sabe que o amor verdadeiro não tem essa variável. Ele simplesmente é! Não tem condições, regras, não se mascara.


Se nutre amor verdadeiro por alguém, sabe que essa química cria uma sintonia especialíssima entre os seres. Sabe que muitas vezes se deixa a si próprio conscientemente para trás para que o objecto do seu amor possa avançar. Sabe que o egoísmo não é possível quando a fonte da sua felicidade está em fazer alguém feliz. Sabe que aprende a compreender mais do que a julgar e a aceitar mais do que a criticar.

09 setembro 2009

A Missão do Yôgin

Dentro da sala de prática aprendem-se as técnicas, mas é fora dela que estas se aplicam. Através da prática do SwáSthya Yôga, procuramos evoluir enquanto seres humanos, cada vez mais conscientes de nós próprios, bem como do mundo que nos rodeia. É apenas natural que o nosso relacionamento com os outros espelhe essa evolução.
Por outro lado, é imprescindível o conhecimento da filosofia que professamos. O estudo constante é uma prescrição para todos os yôgins desde a Antiguidade. Há praticantes que pensam que, sendo o Yôga uma filosofia prática, basta praticar. Contudo, a evolução será excessivamente lenta sem um suporte teórico.
Além disso, quem pratica Yôga torna-se numa fonte de informação privilegiada para os outros, que inevitavelmente lhe colocarão vários tipos de questões. É fundamental que possa responder, até porque a maioria das pessoas tem uma ideia distorcida do Yôga.
Transcrevo em seguida as palavras do Mestre DeRose, em versão brasileira da Língua Portuguesa, com uma sistematização concreta e prática sobre o que acabo de enunciar:
"Há missões diferenciadas para o aluno e para o instrutor. No entanto, existe uma que é comum aos dois. Seja praticante, seja professor, todos são yôgins - adeptos do Yôga.
A mais importante e nobre missão do(a) yôgin/yôginí é zelar ativamente pelo bom nome, pela boa imagem da sua modalidade de Yôga, bem como do seu instrutor e da sua escola... através de ações efetivas.
Certa vez, um aluno declarou que queria muito cumprir a missão do yôgin, mas não sabia como. Perguntou como poderia realizar essas ações efetivas. As explicações que dei a ele servem para todos, praticantes, estudiosos, leitores, simpatizantes, alunos e instrutores.
Você que está lendo agora estas palavras pode se tornar um paladino, através de duas ferramentas importantes:
  1. A primeira é a sua atitude. O seu comportamento diz muito a respeito do seu instrutor, da sua escola e do seu tipo de Yôga. Por isso é fundamental que você demonstre na vida uma atitude elegante, cordial, simpática, educada e, acima de tudo, honesta nos relacionamentos com os familiares, com os amigos, com os clientes, com os subordinados, com os desconhecidos, até mesmo com os inimigos. Você é o nosso cartão de visitas. É observando a sua atitude que as pessoas vão nos julgar bem ou mal.
  2. A segunda é o esclarecimento. Todo o mundo gosta de esclarecimento. Doutrinação jamais. Contudo, não perca a oportunidade de elucidar quando alguém lhe pedir uma informação ou quando afirmarem algum disparate. Leve em consideração que algumas pessoas quando desejam uma explicação parecem estar agredindo ou puxando discussão. Procure compreender o que há por trás dessa atitude um tanto tosca. Nem todos são tão educados quanto você. Se conseguir manter a civilidade e a simpatia enquanto esclarece alguma imagem eventualmente distorcida, você estará prestando um serviço não apenas ao Yôga, ao seu Mestre ou à sua escola. Estará prestando um serviço a todos, já que o Yôga é um patrimônio cultural da Humanidade.

Para poder defender, explicar, documentar o que estiver afirmando é preciso que você conheça o suficiente a fim de não dar informações errôneas, nem reticentes, nem hesitantes. Peço-lhe, portanto, que leia, releia e pesquise os livros recomendados.»

Mestre DeRose in Quando é Preciso Ser Forte

03 setembro 2009

ÔM, o Simbolo Universal do Yôga


O Ôm é o símbolo universal do Yôga, aceite por todos os ramos e todas as Escolas. O seu traçado reproduz uma sílaba constituída por três letras: A,U e M. No entanto, não se pronuncia AUM, mas sim ÔM.


O ÔM é o som do universo. Diz-se também que é o corpo sonoro do Absoluto. Nas escrituras antigas da Índia, ele é apresentado como o mátriká mantra, ou a matriz dos outros mantras, sendo por isso o mais poderoso de todos.


Além do mais, ele é o som semente (bíja-mantra) do ájña chakra, o centro de força que se situa entre as sobrancelhas. Tal significa que é o som que estimula esse ponto, responsável pela intuição. É essa a razão por que se privilegia o ÔM na execução das técnicas de concentração e meditação.


O ÔM pode ser traçado graficamente de várias maneiras. Cada traçado encerra determinado tipo de efeitos e associações filosóficas. Assim sendo, cada Escola adopta um traçado específico, que a distingue das restantes e estabelece relações com o inconsciente colectivo da sua linhagem. Não é ético utilizar o traçado de uma outra Escola.


O traçado curvilíneo do ÔM, adoptado pelo Swásthya Yôga, foi reproduzido fotograficamente a partir de um texto antigo, encontrado em Rishikêsh, nos Himalayas. Dado que professamos o Yôga Antigo, Pré-Clássico, o símbolo não foi retocado, de forma a manter a sua autenticidade e poder.


A nossa linhagem é naturalista e não mística, o ÔM não é por isso associado a outros efeitos que não a corrente de força e energia adquirida por este símbolo ao longo de milhares de anos de impregnação do inconsciente colectivo. É um yantra tão antigo, que a sua origem não é possível de traçar: ele é anterior a Buda, a Cristo e à civilização ocidental, tal como a conhecemos.

31 julho 2009

Receita Culinária para Dias Quentes


Nesta altura do ano, apetece fazer refeições ao ar livre e conviver com os amigos noite fora, em torno de alguns petiscos. Em alternativa ao tradicional churrasco ou à sardinhada, proponho a degustação de uma receita bem colorida e apetitosa.


Para grelhar, escolha cogumelos bem grandes inteiros, courgetes cortadas finas no sentido longitudinal e beringelas fatiadas. Pode temperar apenas com uma pitada de sal grosso e pimenta preta moída na hora, ou deixar grelhar sem tempero. Não deixe tostar demasiado e sirva quente.


Para acompanhar, confeccione uma nutritiva salada de lentilhas vermelhas.

Para 4 pessoas:

1 frasco de lentilhas vermelhas já cozidas;

2 tomates grandes;

1/4 de pimento verde;

1 raminho de hortelã.


Passe as lentilhas por água e escorra.

Retire as sementes ao tomade, corte em pedacinhos bem pequenos e proceda do mesmo modo com os pimentos.

Pique ou esfarripe com os dedos as folhas de hortelã.

Tempere ao seu gosto com sal, azeite e vinagre, ou escolha maionese se preferir.


Como sugestão, pode trocar o pimento por pepino.


Se desejar servir fruta, faça-o no início e não no fim da refeição. Pode, por exemplo, começar por grelhar algumas fatias de abacaxi.


Bom apetite!

17 julho 2009

O Tigre que Balia



Ao atacar um rebanho, um tigre-fêmea deu à luz e, pouco depois, morreu. O filhote cresceu entre as ovelhas e chegou, ele mesmo, a pensar que era uma delas. E como ovelha foi considerado e tratado por todo o rebanho. Era extremamente afável, pastava e balia, ignorando por completo a sua verdadeira natureza. Assim se passaram alguns anos.


Certo dia, um tigre encontrou o rebanho e atacou-o. Ficou estupefacto quando viu que, entre as ovelhas, havia um tigre que se comportava como mais uma delas. E não pôde fazer outra coisa senão dizer-lhe:


- Ouve lá, por que te comportas como uma ovelha se és um tigre?


Mas o tigre-ovelha baliu assustado. Então, o tigre levou-o até ao lago e mostrou-lhe a sua própria imagem. Mas o tigre-ovelha continuava a achar-se uma ovelha, de tal modo que quando o tigre recém-chegado lhe deu um pedaço de carne, nem a quis provar.


- Prova - ordenou-lhe o tigre.


Assustado, sem parar de balir, o tigre-ovelha provou a carne. Nesse momento a carne crua despertou o seu instinto de tigre e, de súbito, reconheceu a sua natureza.


Ramiro Calle in Os Melhores Contos Espirituais do Oriente



Os modelos socioculturais, a necessidade de integração e os moldes em que somos educados, fazem-nos virar para o exterior, afastando-nos da nossa realidade interior.


Encurralados no certo e errado, dependentes do que se espera de nós, deixamos para trás a nossa verdadeira natureza. Quais tigres protegidos por pele de ovelha...


Se algo ou alguém nos tentar recordar de quem somos, recusaremos liminarmente essa realidade desconhecida, mas que é a autêntica.


E você, lembra-se de quem é?

06 julho 2009

As Pequenas Coisas

É bom sonhar grande e alto: construir ideais, projectos, imaginar o que pode ser, esboçar contornos para o futuro mais desejado... Seria bem cinzenta a existência, sem essa dimensão onírica. Ela é para muitos de nós o grande motor de arranque para seguir os caminhos que traçamos.
Há até quem escolha viver aí, nessa dimensão colorida, preferindo não olhar em volta e arregaçar as mangas para resolver problemas, pagar as contas e assumir responsabilidades. O dia-a-dia é duro de mais para se olhar de frente. Se conseguirmos acreditar com força suficiente na figurinha que pintámos no livro de histórias, então ela ganha forma real, ocupa espaço e ninguém nos vai conseguir convencer de que o Peter Pan cresceu e ficou gordo demais para poder voar. O melhor mesmo é assumir o papel de enfant terrible que não cede às miudezas e decididamente, não se adapta.
É certo também que, à força de tantos castelos caídos, outros vão perdendo o gosto por esse jogo do faz de conta. "São coisas de criança!" - dizem a si próprios. "A vida é séria e há que vivê-la com os pés bem assentes no chão, se não ela atropela-nos e deixa-nos para trás." ... E aqui sente-se o medo latente de ver mais castelos ruir: se tudo couber dentro dos limites do plausível e do possível, reduz-se a sensação de fracasso, de desilusão. Esperando menos da vida, esperamos menos de nós e podemos aceitar melhor as nossas próprias limitações e fracassos. Podemos sempre culpar a vida e os outros, o tempo e o azar, os políticos e a conjuntura mundial... numa lista confortavelmente interminável.
Pode também oscilar-se entre um extremo e outro, sempre a pagar consultas frequentes de psicoterapeuta que ajude a gerir a fase do momento. Podem-se tomar umas coisinhas que ajudem a deixar para depois o que não se pode ver agora, tal qual como a avestruz, que esconde a cabeça para se sentir protegida. A lista, mais uma vez, é longa e variada.
Quase todos, no entanto, se enchem de tarefas e rotinas diárias. É preciso cumpri-las escrupulosamente como uma máquina bem programada, uma depois da outra, como se pilotássemos um avião com piloto automático, que voa direitinho sem sobressaltos.
Ficam de fora as pequenas coisas, aquelas sem importância alguma. As insignificâncias momentâneas, tão fugazes que nem notamos. Pode incluir-se neste rol o momento em que olhamos pela janela de manhã; a música do auto-rádio que nos encheu o coração no caminho para o trabalho; o olhar de alguém que se cruza connosco na rua; os pequenos gestos carinhosos que não pedimos, as coincidências que são obra do acaso; as sincronias inconsequentes; a sintonia inesperada; bem como todos os outros instantes que não aparentam nada de especial.
No entanto, é nesses fragmentos que a nossa vida se sucede. As coisas grandes e "importantes" acabam por nos distrair tanto, que deixamos passar as pequenas coisas sem as notar, sem usufruir, sem interiorizar, sem ter consciência delas. Por vezes vamos buscá-las ao passado com saudade, na tentativa de recuperar para o presente alguém que já perdemos ou um tempo que já passou. Outras vezes lamentamos não ter conseguido perceber os sinais que a vida nos vai dando nesses instantes...
A vida está a passar agora! Sentimo-la neste momento, nesta impressão que é como uma pincelada, ou ficamos presos ao que não é eternamente?
Lina Chambel

23 junho 2009

Você me ajuda a mudar o mundo?

Foi o que o meu Mestre me perguntou na primeira vez que o vi. "Claro, Mestre!" - respondi. "E você acha que tem força suficiente para isso?" - voltou ele a inquirir, com aquela sua voz grave e redonda, que enche o coração. Aí, eu estava tão fascinada com a sua presença magnética, que diria sim a qualquer coisa que ele me pedisse. No entanto, senti naquele momento que de algum modo cumpriria aquela promessa. Nessa altura, estava longe de imaginar que um dia seria sua discípula e instrutora de Yôga.
O papel de um instrutor é sobretudo o de passar adiante o conhecimento que recebeu. É assim que o Yôga tem sido perpetuado ao longo de milénios: de Mestre a discípulo, de boca a ouvido. Então, sou eu agora que lhe pergunto a si, que está a ler esta mensagem: você ajuda-me a mudar o mundo?
Mudar o mundo começa por nos mudarmos a nós próprios. Comece por mudar os seus pensamentos. O grande Mestre de Yôga Shivánanda explicou que os pensamentos se propagam em ondas concêntricas, idênticas às que se produzem quando uma pedra é atirada à água.
Diz Shivánanda:
Cada pensamento que você envia para o éter é uma vibração que jamais perece. Vaz vibrar continuamente cada partícula do universo e, se os seus pensamentos forem nobres, santos e fortes eles porão em vibração todas as mentes que tenham afinidade com a sua.
Todos os que se parecem consigo recebem o pensamento que projectou e, segundo as suas próprias capacidades individuais, enviam pensamentos semelhantes. Disto resulta que, sem tomar conhecimento do seu trabalho, você estará pondo em movimento grandes forças que, operando em conjunto, eliminarão os pensamentos mesquinhos e baixos gerados pelos egoístas e pelos maldosos.
(Swami Shivánanda in Thought - Power)
Só o facto de tomar consciência do poder que você tem pode alterar a sua forma de pensar. Recuse os pensamentos de medo, inveja, desespero, infelicidade, desconfiança e ansiedade. Projecte para si e para o mundo que o rodeia o que deseja receber de volta. Faça-o sobretudo nas situações que lhe são adversas, quando o normal seria o oposto. Descondicionará dessa forma a sua mente e mudando-se a si, mudará o mundo que o rodeia.
Lina Chambel

11 junho 2009

O que é o SwáSthya Yôga?

SwáSthya Yôga é o nome da sistematização do Yôga Antigo, Pré-Clássico, o Yôga mais completo do mundo. (Mestre DeRose)

O Yôga terá tido a sua origem há mais de 5000 anos, em Mohenjo Daro, no Vale do Indo, a noroeste da Índia. Foi desenvolvido pelo povo drávida, que foi subjugado pelos arianos, depois da invasão do seu território. A partir daí, a cultura dravídica foi excluída e substituída pela do povo invasor. O Yôga só sobreviveu porque foi arianizado - adaptado. O comportamento, organização social e valores dos arianos eram opostos aos dos drávidas: a organização patriarcal substituiu a matriarcal, a desrepressão deu lugar à repressão e a sensorialidade foi obliterada. A filosofia comportamental tântrica foi substituída pela brahmácharya. A partir daí, e dado que a Índia foi o país mais invadido da História, outras concessões ou deturpações foram ocorrendo e nunca mais ninguém se lembrou do Yôga pré-histórico que ficou perdido no tempo.
Na década de 60 do século XX foi apresentada a primeira codificação mundial desse Yôga Antigo pelo Mestre DeRose, no Prontuário de Swásthya Yôga. Essa sistematização foi fundamentada nas Escrituras, ou Shástras, e inspirada na meditação dos Mestres de Yôga anteriores. Documentou-se em obras publicadas sobre História, Arqueologia, Antropologia, Yôga, Sámkhya, etc.
O Swásthya Yôga é a sistematização da linhagem Dakshinacharatántrika-Niríshwarasámkhya Yôga, pré-clássica, pré-ariana, pré-védica, proto-histórica: a mais antiga, portanto, a mais autêntica.
A prática regular ortodoxa do Swásthya Yôga denomina-se ády ashtanga sádhana e consiste em oito modalidades de técnicas:
1. Mudrá: gesto reflexológico feito com as mãos;
2. Pújá: sintonização com o arquétipo; retribuição de energia;
3. Mantra: vocalização de sons e ultra-sons;
4. Pránáyáma: expansão da bioenergia através de respiratórios;
5. Kriyá: actividade de purificação das mucosas;
6. Ásana: técnicas corporais;
7. Yôganidrá: técnica de descontracção;
8. Samyama: concentração, meditação e hiperconsciência.
Existe ainda a modalidade heterodoxa que permite uma grande flexibilidade, desde que se mantenham todas as outras características do Swásthya Yôga. Pode afirmar-se que ele é extremamente completo e avançado, já que inclui todas as técnicas onde os outros tipos de Yôga se especializaram. No entanto, esta estrutura técnica permite uma grande elasticidade e liberdade, proporcionando ao instrutor uma enorme criatividade no trabalho com o aluno.

O que é o Yôga?

Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao samádhi. (Mestre DeRose)

O samádhi é um estado de hiperconsciência ou megalucidez, que só é possível atingir através da prática do Yôga. Esse estado está muito para lá da meditação, que corresponde a um estado de superconsciência.
O praticante necessita de fortalecer bastante a sua estrutura biológica para poder atingir essa meta. Necessita também de tempo e saúde. Esses factores são-lhe proporcionados pela prática do Yôga, que aumenta a sua saúde de forma generalizada e ainda lhe providencia um aumento da expectativa de vida.
A maioria dos praticantes de Yôga satisfaz-se com os efeitos físicos e psíquicos que o Yôga exerce de forma intensa e rápida: aumenta a vitalidade, a flexibilidade e fortalece os músculos; trabalha articulações, nervos, glândulas endócrinas e orgãos internos; ensina a respirar melhor, a descontrair, aprimora a capacidade de concentração e ajuda a administrar o stress. Para mais, fá-lo utilizando técnicas fortes e belas, mas que respeitam o ritmo biológico do praticante.
No entanto, esses são apenas os chamados efeitos colaterais do Yôga. Para lá deles, há um universo inteiro a descobrir. Para despertar a energia kundaliní (de natureza neurológica), desenvolver paranormalidades e atingir o samádhi é necessário muito tempo, dedicação e disciplina. Cada praticante chegará onde o seu empenho e dedicação permitirem.

08 junho 2009

Sejam bem vindos!







É com imenso prazer que a ADY - Associação de Yôga do Estoril, inicia a sua actividade.

O meu primeiro agradecimento vai para aqueles que acreditaram neste projecto desde o primeiro momento e quiseram fazer parte dele enquanto praticantes fundadores. Alguns trazem já o SwáSthya Yôga no coração, outros apaixonaram-se pelo conceito e estão agora a dar os primeiros passos na prática desta filosofia de vida fascinante. Desejo que, todos juntos, sejamos capazes de construir um local de profundo bem-estar, convívio alegre e partilha de experiências.

À partida, estamos unidos pela vontade de nos descobrirmos a nós próprios. Queremos também aprender a viver melhor, com mais sabedoria e conquistar autosuficiência.

É verdade que não é pouco, aquilo a que aspiramos! Mas somos todos teimosos... Pouco a pouco chegamos lá!

E depois temos aquela sala absolutamente mágica, que nos inunda com um horizonte largo de azul celeste, onde apetece abrir asas e voar. Será ela a inspirar-nos nesta aventura.

Deixo aqui, neste momento, a minha mão estendida para segurar aquelas que já estão junto de mim e aquelas outras que ousarem estender-se também.

Um abraço bem apertado,

Lina Chambel