24 janeiro 2014

TAPAS e o Poder Interno

Tapas é uma das prescrições do código de ética do yôgin. É um termo em Sânscrito, que deriva da raiz tap, que significa calor ou ardor. Designa a auto-superação, num esforço constante do indivíduo para se melhorar em todos os aspectos e circunstâncias. Ao invés de se poder associar a algum tipo de disciplina fundamentalista, é muito mais o hábito de abraçar desafios escolhidos por si mesmo, pondo-se à prova e levando mais longe as suas potencialidades. Além de ser estimulante, é de natureza extremamente criativa.

A metodologia do Yôga, no caminho para a expansão da consciência, pretende aproximar as capacidades humanas do nível da excelência. Muitos são os obstáculos, sobretudo sob a forma de condicionamentos culturais e individuais mais ou menos enraizados, que nos prendem a padrões de comportamento ou de concepção que provavelmente nunca questionámos. Será que os queremos? Será que temos a força suficiente para os mudar se não os quisermos? São questões directamente relacionadas com a liberdade de escolha e a força para vencer obstáculos. Sobre esta última há ainda que medir o que é mais forte, eu ou o obstáculo?

Durante a prática das técnicas de Yôga, observamos que podemos ir cada vez mais além, tal só depende da regularidade da prática e do esforço e aplicação da vontade na sua execução. Ora como nenhuma das técnicas é meramente física, essa aplicação da vontade é também exercida sobre as emoções e a mente, reeducando-as em contínuo. Esse é já um desfio tremendo, mas sendo o Yôga uma filosofia de vida, o desafio maior é fazer exactamente o mesmo exercício na vida diária, fora da sala de prática. Trata-se de aceitar e compreender as suas fraquezas para crescer através delas, manter a mente aberta para escolher o que quer para si, estabelecer os seus próprios limites com base na sua ética e autoconhecimento e até ser capaz de dizer não quando todos os outros dizem que sim, sem recear a opinião alheia.

O conceito de tapas não envolve que o indivíduo se force a coisa alguma, mas antes que adquira a força para se levar até onde quiser.  Requer conhecimento, desenvolve a consciência da liberdade individual e confere segurança interna e um poder cada vez maior sobre si mesmo. É em boa medida o calor ou fogo que tempera o aço da vontade.